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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ferramentas pedagógicas & indisciplina

Não estou aqui para levantar nenhuma questão polêmica, nem tão pouco oferecer soluções definitivas.
Mas gostaria de contribuir um pouco com algumas ferramentas que crio na sala de aula que dão alguns resultados positivos.
Inclusive, gostaria que participassem mais, trocando vivências, ideias e sugestões!
Para não ficar registrado aqui apenas algumas sugestões soltas e ideias, busquei um pouco de informação para nos nortear melhor no que diz respeito a alunos indisciplinados.
Este tema me fez parar para refletir sobre termos como "indisciplina", "interesse", "atenção" e "participação" na sala de aula.
Não estou aqui falando de alunos agressivos e desrespeitosos, apesar de acreditar que algumas atividades podem ser oferecidas e "testadas" com alunos que apresentem este tipo de comportamento.
Acho válida, neste momento, a criatividade e ousadia de arriscar. Caso não dê um resultado esperado, pelo menos o restante da turma irá ganhar com novos estímulos e atividades diferenciadas.

Uma pesquisa realizada pela Revista NOVA ESCOLA e Ibope, em 2007, com 500 professores de todo o país, revelou que 69% deles apontavam a indisciplina e a falta de atenção entre os principais problemas da sala de aula. E, é claro, que na minha sala de aula não é muito diferente. 
Outra pesquisa realizada em 2008 pela Organização dos Estados Ibero-Americanos com cerca de 8,7 mil professores mostrou que 83% deles defendem medidas mais duras em relação ao comportamento dos alunos, 67% acreditam que a expulsão é o melhor caminho e 52% acham que deveria aumentar o policiamento nas escolas. Será mesmo preciso isto tudo para se controlar uma turma?

Assim como, em escolas públicas há um grande índice de professores que também apontam a falta de interesse como um fator importante, inclusive, para este comportamento de indisciplina.O aluno que não se sinta motivado, não despertará interesse em aprender, nem ao menos se propor a ouvir o que o professor tem a dizer e oferecer.


Neste momento, acredito que as atividades lúdicas, jogos e ferramentas de estímulo e incentivo possam ser um interessante caminho para chegar ao aluno, sem que ele perceba de imediato sua intenção.

Para avançar nessa reflexão, é preciso entender que a indisciplina é a transgressão de dois tipos de regra:
  • 1. A MORAL - construída socialmente, com base em princípios que visam o bem comum, ou seja, em princípios éticos. Por exemplo, não xingar e não bater. Sobre essas, não há discussão: elas valem para todas as escolas e em qualquer situação.
  • 2. A CONVENCIONAL - definidas por um grupo com objetivos específicos. Aqui entram as que tratam do uso do celular e da conversa em sala de aula, por exemplo. Nesse caso, a questão não pode ser fechada. Ela necessariamente varia de escola para escola ou ainda dentro de uma mesma instituição, conforme o momento. 
Segundo um site que pesquisei, o autor relata os 5 erros que os professores cometem. Você concorda com ele?
- Erro 1: Disciplinar toda a sala de uma só vez;
- Erro 2: Bater boca com o aluno, ao invés de dar a direção do que fazer;
- Erro 3:  Ameaçar, ameaçar, ameaçar e …….não cumprir;
- Erro 4: Uso de linguagem não verbal de forma inadequada;
- Erro 5:  Aula chata do começo ao fim.
Há muitos anos eu vou "testando" diversas formas de driblar este grande problema. Digo, grande problema, dentro da minha vivência: turma lotada, com muitas crianças agitadas e sem limites.
Quando cheguei na minha escola, já era de praxe um jogo de futsal, por exemplo, nem ao menos respeitar o limite das linhas laterais da quadra. Presenciei, abismada, alunos subindo pela arquibancada, passando por trás do gol, sem parar o jogo e sinalizar faltas, saída de bola ou qualquer outra regra que limitasse e caracterizasse o desporto praticado.
Penso eu que, desta forma, o uso de regras e limites se faria necessário e urgente, porém sabia que haveria muita resistência.
Eu acredito que com crianças menores seja um pouco mais fácil este uso de ferramentas lúdico-pedagógicas, mas também é nesta fase em que o limite e o compreendimento do espaço escolar começa a se formar.
Compreender os muitos espaços e saber como se comportar em cada um deles pode parecer simples, mas não é.
Muitas vezes percebemos que somente com a repetição de informações é possível assimilar e compreender o papel de cada espaço-tempo na escola.
Apesar de eu considerar mais fácil a utilização destas ferramentas com os pequenos, sabemos que justamente nesta fase eles são mais dispersos e agitados.
Mas, por outro lado, é mais fácil conseguir a atenção com atividades como música, artes, dança, jogos, etc.
Algumas pessoas funcionam mais na pressão, outras livres. E as crianças também são assim e é preciso "testar" para conhecer melhor cada aluno nosso.
Alguns eu consigo "conter" e melhorar seu desempenho com conversas, outros com palavras de estímulo, outras delegando funções como "ajudante do dia" ou coloco "apitando um jogo".
Muitas vezes, nossas crianças querem apenas atenção e um pouco mais que serem meros espectadores. 

BOLA DE GÁS DE "ANJINHO"
Outro dia, iniciei um conteúdo novo e propus que quem ficasse comportado - não machucasse o colega, não puxasse o cabelo do colega, brigasse ou desrespeitasse o professor ou o amiguinho - ganharia no final um "anjinho".
Eles já costumam adorar bolas de gás coloridas, com olhinhos e boca então, foi um sucesso!
Com uma "auréola então ficaram em êxtase!
Como eu dava duas aulas para eles, com intervalos, entreguei a alguns e prometi que se os outros que não tivessem recebido por não terem se comportado, iriam ganhar na próxima aula.
Neste momento percebi que todos melhoraram na hora de formar a fila e entre eles cobravam um melhor comportamento dos amigos em geral.

Comprovado: ideia simples que agradou a todos!
Principalmente a professora que viu seus aluninhos mais tranquilos!
(hehehe)

É claro que a solução não é nada fácil. Mas é essencial trabalhar - como conteúdos de ensino - as questões relacionadas à moral e ao convívio social e criar um ambiente de cooperação.

Vocês conhecem os JOGOS COOPERATIVOS?
Na empresa que eu atuo reformulamos uma brincadeira com uma historinha interessante, sobre o estresse do dia a dia. Mas em cada situação esta historinha pode mudar, assim como o objetivo final do jogo. Mas no geral é uma atividade de cooperação.
Costumamos iniciar a atividade de forma livre e espontânea e aos poucos mostrar que daquela forma (que costuma ser agitada e individual) não se chegará ao objetivo. Que apenas com a participação e ajuda de todos, com calma e reflexão é possível conseguir atingir a meta: passar a bola pelo buraco.
É realizada com um pano (quanto maior, melhor), com vários buracos. Pode ser colocado uma, duas ou várias bolas ao mesmo tempo. Pode também ser dividido em equipes e jogar por exemplo, 4 bolas azuis (meninos) e 4 bolas rosas (meninas) e contabilizar quantas bolas e quais cores entram mais nos buracos.
Nos jogos cooperativos não se tem vencedores, mas sabemos que a competição faz parte e estimula a participação dos pequenos.
O importante mesmo é que eles percebam como uma atividade, jogo ou brincadeira pode ter a participação de todos, unidos, com um só objetivo.
"Bandeira da vida": o objetivo principal era "eliminar" as bolas pretas que caracterizavam o estresse, o cansaço, a tristeza e as coisas ruins que acontecem no dia a dia. E deixar as bolas coloridas que representavam a alegria, o amor, a família e tudo que nos faz bem na vida.

O importante mesmo é despertar o interesse dos alunos e se fazer ser respeitado, assim desta forma será ouvido. É claro que cada dia de uma vez. Nem sempre funciona e é preciso parar o que se planejou e analisar o que está acontecendo com a turma naquele momento.
Muitas vezes, ouvimos relatos de situações de conflito durante o final de semana, alunos no meio de brigas e discussões entre pais, descasos e até mesmo agressões físicas e verbais.
O que não podemos deixar acontecer é chegar ao desespero, pois assim só aumenta mais a agitação e irritabilidade de nossos pequenos.


Outra estratégia que utilizei que gostei bastante foram os jogos de tabuleiro.
Dividi a turma em pequenos grupos e ofereci jogos diversos, inclusive indicados para outras faixas etárias.
A princípio, deixei livre manuseio, alertando para a manutenção e o cuidado com os mesmos.
Eles mesmos criaram algumas regras novas, transformaram um jogo em outro completamente diferente, com objetivos diferentes do original.
Mesmo sem saberem como jogar, houve um grande interesse e participação.
Cada pequeno grupo teve oportunidade de manusear todos os jogos.

Quebra-cabeça
É um jogo importantíssimo para se trabalhar a concentração e o raciocínio. Aprendi na minha pós em Psicomotricidade que devemos orientar os alunos como montá-lo - sempre da esquerda para direita (a gente escreve da esquerda pra direita, não é verdade?). Apresentar as peças e mostrar suas diferenças. Trabalhar com separação de peças por cores semelhantes. Mostrar as bordas retas e arredondadas. Comece com poucas peças e depois vai dificultando com cada vez mais peças. Particularmente achei, na época, mais difícil esta obrigatoriedade de montar da esquerda pra direita, mas isto fará com que seja estimulado o raciocínio (chega a "queimar a mufa" mesmo! hehe). Experimente você também!

(Super) Trunfo
Apresentei eles um trunfo de cachorros e eles amaram! Acredito que estimulou inclusive o interesse pelos números e palavras. Porque pelas fotos dos cachorrinhos, as crianças queriam saber o nome da raça, o peso, se era agressivo ou dócil, se era brincalhão ou sério. Ou seja, queriam saber o que estava escrito na carta!
Eu ainda fiz outras perguntas como "qual cachorro você achou mais esquisito" ou "qual cachorro era o mais bonito", além de comparar cartas.
Enquanto um cachorro era pequeno, tinha um peso menor e era bravo, em outra carta um cachorrão bem maior, mais pesado era mais brincalhão.
Eles gostaram muito deste jogo de descobertas!

Surgiram as preferências individuais e elegeu-se o jogo mais interessante pela maioria da turma.
Em um segundo momento, pretendo começar a introduzir aos poucos algumas regras e depois, mais pra frente, eles mesmos criarem novos jogos com novas regras com cartolinas e material reciclado.
Mas esta é uma outra história (e postagem!)

Fonte:
Revista Educar para Crescer: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/indisciplina-sala-aula-509283.shtml#
Revista Nova Escola: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/como-resolve-indisciplina-autoridade-moral-convencao-cooperacao-autonomia-503230.shtml
Educação Pública: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/discutindo/comentadas/0128.html
Blog SOS Professor: http://www.sosprofessor.com.br/blog/indisciplina-na-sala-de-aula-os-5-erros-que-os-professores-cometem-e-como-evita-los/
Planeta Educação: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=733

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